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Curiosidades
Caboclinhos, guerreiros de Jurema

Caboclinhos,
guerreiros da jurema


– Quem são vocês que vêm da jurema ?
– É Taperaguases coberto de pena!

Texto gentilmente enviado por Leonardo Dantas Silva
Os Caboclinhos, ou cabocolinhos como é por vezes chamado, é talvez a mais bela das manifestações populares do Carnaval do Recife. Esses agrupamentos, formados por duas fileiras de mulheres, seguidas depois do estandarte e de duas filas de homens a fazerem evoluções que lembram as danças de espada européias, apresentando vistosos cocares e tangas, confeccionados com penas de ema, colares de contas e dentes de animais, empunhando machadinhas e preácas (conjunto de arco e flecha), dançando agitadamente ao som de um conjunto formado por uma flauta (inúbia), tarol, surdo e chocalhos (caracaxás), é algo inusitado dentro da paisagem carnavalesca da cidade. O colorido de suas vestes, a coreografia de suas danças, a beleza de suas moças em trajes indígenas, vêm enchendo as vistas de todos que assistem suas apresentações; como bem chamou atenção o musicólogo Guerra Peixe em artigo sobre o tema.

É preciso presenciar o Carnaval do Recife para observar como – dentre as diferentes agremiações da cidade – os caboclinhos roubam as atenções da população, seja em virtude de sua indumentária colorida e estranha aos costumes ocidentais (indumentária que tanto impressiona os próprios brasileiros), seja pela singularidade de sua dança e da sua música, ambas agilmente executadas [...] Apesar da animação sempre contagiante dos Frevos; da imponência régia dos Maracatus; do desfilar simétrico de tantos e concorridos Blocos; da eventual participação do engraçado Bumba-meu-boi; das inconseqüentes brincadeiras das chamadas Troças; da artificiosa penetração das modernas escolas de samba, enfim apesar de tudo que possa figurar no cenário, não é simples questão de opinião: os caboclinhos são a presença mais original do Carnaval do Recife.
A presença do culto indígena nas manifestações do Carnaval do Recife é mais freqüente do que se possa imaginar. O misticismo, combinado com o medo do desconhecido, está presente no inconsciente coletivo dos que fazem a grande festa e têm na pajelança a religião dos seus antepassados. Uma boa parte dos que integram as agremiações carnavalescas são seguidores do candomblé e da umbanda , havendo outros que cultuam a linha da jurema, o catimbó como é popularmente conhecida, onde os “senhores mestres” e os caboclos são invocados com a utilização de “pequenos apitos, do maracá, da jurema e do cachimbo”.
Nos cultos indígenas, os chamados Ajunto de Jurema, ou simplesmente jurema, era oferecida pelos pajés e mestres do catimbó certa infusão extraída dos galhos e raízes da jurema-branca, sendo o costume registrado já no século XVIII. Informa Câmara Cascudo que, citando documento de 2 de junho de 1758, uma certidão de óbito do índio Antônio, ocorrido em Natal (RN), o culto da jurema era condenado como prática de feitiçaria: “estava preso por razão do sumário que se fez contra os índios de Mopibu, os quais fizeram Adjunto de Jurema, que se diz supersticioso”.
Em pesquisa no Arquivo Nacional da Torre do Tombo (Lisboa), Cartório da Inquisição de Lisboa, encontrei o processo n.º 6238 em que figura como denunciado o capitão-mor dos Índios da Povoação de São Miguel dos Barreiros (Pernambuco), Francisco Pessoa, acusado da prática de feitiçaria pela utilização da jurema nos rituais de pajelança. Em carta datada de 15 de janeiro de 1782, o vigário de Sirinhaém, padre Antônio Teixeira Lima, denuncia à Mesa do Santo Ofício que “no lugar chamado Camaleão costumavam se reunir o capitão-mor dos índios, e outros índios, filhos e parentes, soldados da povoação de São Miguel dos Barreiros” para prática de feitiçaria. Todas as noites “cozinhavam uma imagem de Cristo em água de raiz de jurema” e, depois que bebiam daquela infusão, punham a imagem no chão e começavam a saltar e dançar ao seu redor. Terminada a cerimônia tal imagem era enrolada em “folhas de pacavira (Heliconia pendula)” e permanecia no fumeiro da casa do dito capitão-mor. No mesmo processo são denunciados os filhos do capitão-mor, Pascoal, Manuel e Domingos Pessoa, os alferes Antônio Bezerra e Manuel João, todos índios, moradores nas matas do Sítio Camaleão, distante dez léguas da povoação. Acrescenta a testemunha Pedro Roca Barreto que “as pessoas bebem muita jurema e que depois de beberem caem como mortos e os que não têm bebido são os fazem as danças e cantigas”. O fato foi denunciado ao governador José César de Menezes, por carta datada de 28 de novembro de 1782, na qual se pedia a prisão dos implicados.
A presença do culto da jurema nos centros de catimbó, também chamado do Centros de Caboclo, é quase uma constante em algumas manifestações do Carnaval do Recife. Assim se faz presente nos seguidores dos Maracatus de Orquestra, ou Maracatus Rurais, particularmente nos caboclos de lança; nos Maracatus Nação, através dos caboclos de pena (tuxaus) que, segundo Katarina Real, “geralmente esse caboclo é, na vida real, um catimbozeiro amigo da nação africana”. Se a influência do culto ameríndio encontra-se presente nas mais variadas manifestações do Carnaval do Recife, o que dizer dos caboclinhos? Nos caboclinhos a imensa maioria das tribos têm ligações com o culto indígena, motivando a observação de Katarina Real: “tudo indica que há muito mais influência ameríndia ‘legítima’ nesses caboclinhos do que se pensa”.
Por ter sido uma religião perseguida pelas autoridades policiais, particularmente durante o Estado Novo (1937-1945), e até nos anos oitenta eram obrigados a terem no prontuário da Delegacia de Costumes, juntamente com os terreiros de candomblé, os adeptos da jurema sempre esconderam a sua crença; daí a dificuldade de pesquisadores como Guerra Peixe em associar as tribos de caboclinhos ao culto indígena. Segundo ele, “a palavra jurema – a dos Paranaguás – significa selva”.
Em entrevista ao Diario de Pernambuco, edição de 25 de janeiro de 1997, o José Severino dos Santos, o Zé Alfaiate, 74 anos, confessa ao jornalista Jaques Cerqueira, ter fundado a sua tribo, a Sete Flechas, em 1969, em Maceió, transferindo a sua agremiação, em 1971 para o Recife, e que “caboclinhos e terreiros de umbanda são praticamente uma coisa só. Tudo tem caboclo no meio”.
Segundo Manoel Ferreira de Lima, o Manuelzinho, presidente dos Carijós, a sua tribo desfilou pela primeira vez em 5 de março de 1897, tendo sido fundada no local então denominado “Fora de Portas”, nas proximidades do Forte do Brum. Segundo a tradição oral, o seu fundador, estivador Antônio da Costa, costumava nas sessões de jurema incorporar o caboclo Carijó. “Numa dessas manifestações espirituais, recebeu a ordem para fundar um grupo fantasiado de índio e brincar o Carnaval. Aí não pensou duas vezes: em pouco tempo seus caboclos estavam nas ruas do Recife, com penachos coloridos, arcos, flechas e lanças, dançando perré , ao som de tambores, pífanos, gaitas de taboca e ganzá”; na descrição do redator da matéria. Na verdade os instrumentos seriam inúbia (uma espécie de flautim), tarol, surdo e caracaxás ou maracás.
De uma dissidência na Tribo Carijós (1896) surgiu, no ano seguinte, a Tribo Canindés (1897).

Rodrigues de Carvalho, na primeira edição do seu Cancioneiro do Norte (1903), assinala a presença das tribos de caboclinhos durante os dias dedicados ao Carnaval:

Dentre esses folgares típicos, convém destacar os caboclinhos, restos de diversão indígena: dezesseis ou vinte figuras com o rosto pintado de açafrão, ostentando de trajes de cores berrantes, com enfeites de espelhinhos e penachos à cabeça, empunhando arcos com flechas, que são manejados ao som de um tambor e de uma gaita. Simulam um combate, como de tribos inimigas; e em plena luta surge o rei, de capa e espada, cortejado por dois curumins, na gíria do folguedo os perós-mingus”.


Segundo relação de Katarina Real, atuavam o Carnaval do Recife em 1965, as tribos Tupinambás (1906), Taperaguazes (1916), Tabaiares (1937), Tupi (1938), Tupinagés (1955), Tabajaras (1956),Tapirapés (1957), Tabaires (1960) e Tabajara em Folia (1963); com as seguintes características:

Cada grupo de caboclinhos [cerca de 50 figurantes] tem a sua própria estrutura e suas características individuais. Há talvez maiores variações entre os caboclinhos do que em qualquer outro grupo carnavalesco. Existe, entretanto, uma estrutura básica que podemos resumir aqui. O porta-estandarte vem dançando na frente, rodopiando e saltando, logo depois dois cordões de caboclinhos [ou de índias] em filas opostas. No meio, com aparência de majestades, o cacique e a cacica [também chamada de mãe da tribo], ou nos grupos mais ricos, um rei e uma rainha. Eles dançam de vez em quando porém menos energicamente que seus caboclos. Podem também aparecer uma ou duas princesas e um ou dois perós (indiozinhos). Geralmente há também um pajé ou curandeiro [trazendo por vezes uma cobra viva ou outro animal empalhado]. Os dois cordões, de dez a vinte caboclinhos cada um, são liderados por um tenente e um capitão, ou guia e um contraguia. Alguns grupos “botam” uma “curandeira”. Há outros que não têm rainha; e um ou dois sem “rei”.

Ao cacique cabe a direção geral do conjunto, sendo responsável pelos ensaios, manobras coreográficas, pela apresentação da narrativa do auto, sendo a pessoa de maior conhecimento do brinquedo. A índia-chefe, ou mãe da tribo, conhecida popularmente por cacica, é a eventual substituta do chefe da tribo. O pajé é por vezes um velho cacique, ou orientador espiritual do grupo, quase não participa das danças. O matruá é uma espécie de feiticeiro; sua presença já fora registrada por Rodrigues de Carvalho: “acolita tudo isso um tipo de bobo – o matroá – , sarcasmo atirado à lendária boçalidade e estultice do caboclo. Há também o birico, variante daquele tipo”. Caboclos, índios do sexo masculino. Caboclas, índios do sexo feminino. Capitão, chefe de uma das alas da caboclada. Tenente, chefe da segunda ala, ou cordão. Perós, crianças que representam os filhos da tribo. Porta-estandarte, posto ocupado, indiferentemente, por caboclo ou cabocla. Caboclos-de-baque, assim chamados os quatro músicos que compõem a orquestra.
A vestimenta dos caboclinhos é basicamente confeccionada com penas de ema e de outras aves, formando o cocar e, por vezes, fixadas a uma espécie de resplendor (este decorado por lantejoulas e pedrarias), que envolve o rosto, fixado na cabeça do figurante. De penas são também as tangas, que cobrem os calções, e que formam as atacas, espécie de pulseiras usadas nos punhos e nos tornozelos; apresentando-se todos os desfilantes descalços.
No Carnaval de 1998, desfilaram nas ruas do Recife os seguintes caboclinhos: Carijós, Caetés de Goiana, Canindés de Camaragibe, Canindés de Cavaleiro, Canindés de São Lourenço, Canindés do Recife, Oxossi Pena Branca, Sete Flechas, Tabajaras de Camaragibe, Tapirapés, Tribogé, Tupã, Tupi, Arapahos, Carijós de Camaragibe, Carijós Mirim, Flecha Negra, Goianás, Capinawá, Papo Amarelo, Sete Flechas de Goiana, Tabajaras do Recife, Taperaguases, Tapuias Camarás, Tupi Oriental e Uirapuru.


Apetrechos

O estandarte, semelhante ao das demais agremiações carnavalescas, confeccionado em veludo e cetim, bordado com fios de ouro e aplicações de pedrarias, trazendo inscrito o nome da tribo, com as datas de fundação e de confecção.
O apetrecho mais característico dos caboclinhos são as preacas, responsáveis pela marcação do ritmo das danças. Trata-se de um arco e flecha no qual esta última ultrapassa o arco através de um furo, permanecendo presa a um barbante retorcido, que lhe proporciona a elasticidade necessária para o percutir do batedor obtendo, assim, o com característico do conjunto. No ensaio de Guerra Peixe aparece assim descrita: “Também chamada de preaca e arco, consta de arco e flecha de madeira, Quiri (Cordia Goeldiana) [também chamada de frei-jorge] ou Imbiri (Esterhazya esplendida). Compõem-se das seguintes partes : preaca, o arco, que mede 80 cm, contados em linha reta, de ponta a ponta, 4 cm de largura e 5 mm de espessura; lança, ou espigão, a flecha, medindo 40 cm; batedor, suporte [colado ao arco] que reforça o lugar onde a lança percute quando solta, com a medida de 12 cm; e ponteira ou cordel, a corda de fabricação ponteira, de onde lhe vem o nome, que ao todo mede mais de três metros, a fim de dar diversas voltas por entre os extremos da preaca. É apertada até ser obtida a pressão necessária para impulsionar a lança.
Registram-se ainda no conjunto machadinhas de madeira pintadas (com 40 cm de comprimento), setas geralmente trazidas pelas caboclas, colares de contas diversas, sendo o rei e a rainha protegidos por mantos confeccionados em tecido de fios dourados.

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