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Curiosidades
O frevo no Rio de Janeiro

O frevo no Rio de Janeiro


Por Leonardo Dantas Silva

A viagem do Clube Carnavalesco Vassourinhas do Recife teve seu prosseguimento com destino à Cidade Maravilhosa do Rio de Janeiro. Na terra do samba, graças à presença de alguns membros da colônia pernambucana, o frevo deitara suas raízes desde os primórdios dos anos trinta do século XX:

No Rio de Janeiro, em 27 de novembro de 1934, fora fundado, na Rua do Jogo da Bola n.º 173, bairro da Saúde, o Clube Carnavalesco Misto Vassourinhas. A primeira apresentação da nova agremiação aconteceu num domingo, 23 de dezembro do mesmo ano, utilizando uma fração do Batalhão de Guardas, dirigida pelo sargento Jacinto de Carvalho, com a presença de alguns pernambucanos a mostrar aos cariocas “como é que se faz o passo”.

A criação do Vassourinhas no Rio de Janeiro era um velho sonho do alfaiate Henrique Bonfim que, juntamente João de Assis, o sargento músico do Exército Edgard Maurício Wanderley, os marinheiros Abdias e Alexandre, o motorista Júlio Ferreira, dentre outros pernambucanos de condição modesta, fundaram o primeiro clube de frevo do então Distrito Federal.

Nesta época era governador do Distrito Federal, conseqüentemente prefeito do Rio de Janeiro, o pernambucano Pedro Ernesto do Rego Baptista (1886-1942), também conhecido como grande carnavalesco, responsável que fora pela oficialização do carnaval, criação do primeiro baile do Teatro Municipal (8.2.1932) e pelo concurso de músicas carnavalescas. — Nascido na Boa Vista, em 25 de setembro de 1884, Pedro Ernesto só afastou-se do Recife na idade adulta, quando ingressou na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, aonde veio a colar grau em 1908. No ano seguinte, retornou ao Recife a fim de casar-se com Maria Evangelina Duarte, voltando em seguida ao Rio de Janeiro onde fundou a casa de saúde que veio a ter o seu nome. Descendente de uma família de carnavalescos, funcionários da Alfândega do Recife e fundadores do Clube Philomomos, Pedro Ernesto logo se tornou patrono e principal incentivador dos clubes de frevo do Rio de Janeiro. Em festa realizada na noite de 29 de janeiro de 1935, às vésperas do carnaval, nos salões do rancho Cordão das Laranjas, situado na atual esquina da Avenida Rio Branco com a Rua da Assembléia, Pedro Ernesto veio a ser homenageado pelos fundadores do Clube Vassourinhas. Na ocasião uma orquestra comandada pelo maestro Garrafinha realizou uma noitada de frevo, com Henrique Bonfim e outros membros da colônia pernambucana, segundo testemunho de Jota Efegê, in Figuras e coisas da música popular brasileira (Rio, 1978), “desengonçando-se no passo para executar a exótica coreografia da dobradiça, da tesoura e do chã de barriguinha [originalmente denominado de chã de bundinha], o frevo assentava as bases no carnaval em que imperam o samba e a marchinha”¹.

¹ EFEGÊ, Jota. Figuras e coisas da música popular brasileira. Rio: FUNARTE, 1978 vol. 1 p. 133-35

A apresentação do Clube Vassourinhas no carnaval do Rio de Janeiro daquele ano é relembrada por Jota Efegê, em artigo publicado na edição de 21 de fevereiro de 1965 de O Jornal (Rio):

Finalmente, em fevereiro de 1935, já no tríduo carnavalesco, na segunda-feira, o Misto Vassourinhas fazia sua passeata de estréia apresentando ao povo carioca o Carnaval típico de Pernambuco. Com uma banda de 35 figuras onde se destacavam 9 trombones e 4 pistons, precedida por um numeroso grupo de passistas e tendo a frente o seu bonito estandarte, ladeado por dois balizas vestidos à Luiz XV [na verdade dois porta-estandartes], o clube deslumbrava e, principalmente, arrastava na sua marcha avassalante quantos estavam no caminho. Sem corda protegendo os fantasiados integrantes do cortejo, como é comum nos desfiles do Recife e das principais cidades pernambucanas, a onda do frevo ia carregando numa massa compacta, que se desmilingüia no empolgamento agitado, porém rítmico, pernambucanos e cariocas. O frevo impunha-se triunfalmente no Carnaval carioca.

O prefeito Pedro Ernesto, por certo, estava contente ao ver os seus conterrâneos levando o frevo de Pernambuco às ruas do Rio de Janeiro, fazendo-lhe recordar os desfiles no Recife dos clubes 18 de Março, do Caiadores, do Cara Dura, do Philomomos, do Nove e meia do Arraial, do Vassourinhas, das Pás, dos Lenhadores e de tantas outras lembranças de um tempo de rapaz em que era flautista nos saraus familiares. Perseguido pela ditadura Vargas, o cidadão Pedro Ernesto do Rego Baptista vem a falecer no Rio de Janeiro, em 10 de agosto de 1942. Durante sua existência foi ele o grande incentivador dos clubes de frevo do Rio de Janeiro, tendo participado da fundação de vários deles, a exemplo de Bola de Ouro (1934), desaparecido em 1949 e restaurado em 1978, e Pás Douradas, fundado em 1940 e ainda hoje em atividade. A esses pioneiros seguiram-se o aparecimento dos clubes carnavalescos mistos, Batutas da Cidade Maravilhosa (1942), Lenhadores (1945), Prato Misterioso (1946), Toureiros (1943) e Gavião do Mar (1982), que ainda hoje levam o frevo pernambucano às ruas do Rio de Janeiro, tornando realidade o idealismo daqueles carnavalescos da Rua do Jogo da Bola.

Com a fundação de Brasília, em 1960, eis que o frevo pernambucano vem firmar-se na nova capital, através de uma colônia lá radicada desde os dias mais difíceis da construção da cidade. Assim foram fundados os Clubes Carnavalescos Mistos Vassourinhas e Lenhadores, em 1967, seguindo-se do aparecimento do Pás Douradas (1968), Batutas do Cruzeiro (1973) e Bola de Ouro (1985), responsáveis pela manutenção da tradição da dança e da música de Pernambuco no Planalto Central do Brasil.

A reação de Guerra Peixe

A ida do Clube Vassourinhas ao Rio de Janeiro provocou preocupações nos defensores do frevo de então, que vaticinavam uma possível influência dos compositores cariocas na estrutura do nosso frevo instrumental. Alguns deles, como o conhecido maestro César Guerra Peixe, então regente da grande orquestra do Rádio Jornal do Commercio, em artigo publicado no Diario da Noite do Recife, 27 de janeiro de 1951, “A provável próxima decadência do frevo”, chegou a prever: “o sucesso do Vassourinhas no Rio de Janeiro será o primeiro grande ‘passo’ para decadência do frevo, tanto musical como coreográfica. E tanto maior o sucesso do clube, maior a provável decadência dessa música maravilhosa”.

Os recifenses têm andado contentes com a excursão que um dos mais apreciados clubes de frevo vai fazer ao Rio de Janeiro, no próximo carnaval os “Vassourinhas”. Estão contentes porque o frevo vai ser apresentado ao carioca com toda a sua autenticidade, música e coreografia, embora me pareça exagerada a quantidade de músicos reunida no conjunto que acompanhará o querido clube. Mas, este exagero é justificável em grande parte.

Sem dúvida, o acontecimento será uma das melhores propagandas que se fará do carnaval desta terra. entretanto, eu conheço o ambiente de música popular (urbana) do Rio de Janeiro. Sei que o sucesso de qualquer música nova e original é motivo para um dilúvio de vulgares punições. Prova-o, também, o sucesso de qualquer musiqueta estrangeira. E o frevo, não sendo estrangeiro, não deixa de ser uma das ricas modalidades da nossa música popular que o carioca desconhece. Refiro-me, naturalmente, ao autêntico frevo, e não falsas interpretações, que se ouvem através de numerosas gravações de orquestras irresponsável, cheias de “variações” a guisa de jazz, que nada têm a ver com a referida dança.

Uma particularidade que tem feito com que o frevo conserve a seu vigor ritmo, a imponência de sua orquestração e as características de sua forma é o fato de seu compositor ser, não um “orelhudo”, mas, sempre um músico que o imagina numa orquestra e que imediatamente dá forma gráfica musical à sua inspiração – resultando que na composição do frevo a própria instrumentação é também composição. A não ser em raras exceções, o compositor de frevo é o seu orquestrador.

O mesmo não se dá com as músicas criadas no Rio de Janeiro. Fazendo exceção a José Maria de Abreu, os compositores cariocas não sabem música. Embora entre eles se encontrem alguns talentosíssimos, todos são uns perfeitos analfabetos musicais, oferecendo ao público o que há de piormente concebível e falsificado, impingindo ao povo as monstruosidades que estamos habituados a ouvir. E o público, por força de circunstância tornada moda, acaba aceitando as aberrações divulgadas.

Ora, estes compositores – que pouco se importam com a boa produção, mas com o sucesso mais ou menos garantido – o que desejam é uma apreciável arrecadação pelas sociedades que defendem os direitos autorais. Procurando o “fácil”, por intermédio do “conhecido”, decalcam suas composições nos horrendos e doentios boleros que os estrangeiros nos enviam. Outras vezes nem são decalques, mas cínicas cópias de conhecidas melodias nacionais e estrangeiras.

Feito o sucesso certo dos Vassourinhas, os cariocas tentarão compor frevos… ““““Como não assimilarão bem a sua forma e como o interesse em “amolecer” as suas características vão de encontro à estandartização imposta pelas fábricas gravadoras em disco, o frevo será faiscado, divulgado e tornado, assim, o “ modelo” decadente de uma das nossas mais originais e vibrantes manifestações musicais populares. Assim como os cariocas, levados à macaqueação, copiam as banalidades estrangeiras – aceitas pelo público através de um processo econômico que não cabe aqui apreciar – os recifenses serão levados à imitar as corrupções cariocas do frevo, lesados numa concorrência desigual, imposta, ainda, pelo mesmo processo econômico.

A prova disso já se pode notar no Recife destes últimos tempos, quando tem surgido um regular número de compositores orelhudos, imitadores dos cariocas, nas mãos dos quais o frevo se tem tornado uma caricatura da marchinha do Sul… Infelizmente, a notável tradição do frevo está condenada a desaparecer, quando o carioca começar a produzi-lo e quando os recifenses começarem a dar ouvidos a essas banalidades – como aconteceu no ano passado, com o frevo que nos veio de… São Paulo!!! Por isso eu afirmo, sem medo de errar, que o sucesso dos Vassourinhas no Rio de Janeiro será o primeiro grande passo para a decadência do frevo tanto musical como coreográfica. E tanto maior o sucesso do clube, maior a provável próxima decadência dessa música maravilhosa.

Não previu o articulista, a passagem do Clube Vassourinhas pela cidade de Salvador, onde o frevo deitou as suas raízes, e, se não fez escola no meio dos que compunham música instrumental do Centro-Sul do país, motivou outros a compor frevos cantados, hoje sucesso em todo o país, a exemplo de Caetano Veloso, Moraes Moreira, Gilberto Gil, Chico Buarque de Holanda, Edu Lobo, só para citar alguns não pernambucanos que aderiram ao contágio do nosso ritmo.


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